ONG promoveu Seminário sobre o Manguezal em Pirambu

29/11/2006 08:45

Evento superou todas as expectativas e definiu marcos estratégicos de luta em defesa do maior patrimônio natural da região

A Sociedade Sócio-Ambiental do Vale do Japaratuba – SOS Rio Japaratuba promoveu nos dias 24, 25 e 26 de novembro o Seminário “Manguezal: Importância e Preservação”, tendo o manguezal e sua rica biodiversidade em discussão e visitas técnicas e científicas em dois trechos do Rio Japaratuba.

O Seminário foi marcado por êxito em todos os sentidos, sendo bastante elogiado pelos mais de 70 participantes que durante três dias participaram das atividades. Pela primeira vez um evento desta natureza acontecido na cidade de Pirambu priorizou palestrantes e expositores da própria cidade, sem que a qualidade deixasse a desejar de tivessem sido convidados especialistas vindos da capital ou de outros estados do país.

A abertura do Seminário aconteceu às 09:30h do dia 24, sexta-feira, no Clubinho da Tartaruga. Participaram da Mesa além do presidente da SOS Rio Japaratuba Célio Biriba, o presidente da Associação dos Pescadores e Conservadores da Natureza do Povoado Maribondo Cláudio da Conceição, a Coordenadora de Educação Ambiental da Fundação Pró-Tamar Dayse Aparecida Rocha, o presidente da Associação Pirambuense de Surf Marco Antônio Souto Maior Soledade Júnior, o Coordenador da Base do Projeto Tamar no Abaís Fábio Lira das Candeias Oliveira, o Presidente da Organização Vereda da Cultura Agnaldo dos Santos Silva e o representante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba Claudomir Tavares da Silva.

Entre os mais de 70 inscritos no Seminário “Manguezal: Importância e Preservação” estavam estudantes da Escola Municipal Mário Trindade Cruz, do Colégio Estadual José Amaral Lemos, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) – Pólo de Pirambu e da Universidade Tiradentes (UNIT). Participaram do Seminário a equipe do Clubinho da Tartaruga, representante do Colégio Experimental, do Projeto Tamar/Ibama (Pirambu), da empresa de turismo GreenTur, músicos da Banda SalSugem,  capoeiristas da Unidos na Tartaruga e do Movimento Pró-Ong Vale do Japaratuba (Japaratuba).

Mário Trindade – A Escola Municipal Mário Trindade Cruz esteve representada em massa através de grupos de estudantes dos 2º e 3º Seriados do Ensino Médio e 2º Ano do Curso Normal, estando presentes ainda os professores Antônio Hamilton, Maria Solene, Ticiane Araújo, Fábio Lira e Claudomir Tavares.

Palestrantes – A Palestra “Manguezal: Importância e Preservação” foi assumida por três estudiosos do tema: Fábio Lira das Candeias Oliveira é Biólogo, coordenador da Base do Projeto Tamar no Abais, em Estância (SE) e professor de Biologia da Escola Municipal Mário Trindade Cruz; Marco Antônio Souto Maior Soledade Júnior é estudante de Engenharia Florestal na Universidade Federal de Sergipe (UFS), presidente da Associação Pirambuense de Surf e secretário da Sociedade Sócio-Ambiental do Vale do Japaratuba (SOS Rio Japaratuba) e Dayse Aparecida Rocha é Bióloga, Pós-Graduanda em Especialização em Ambientes Costeiros pela Universidade Federal de Sergipe.

Cordel – O professor Agnaldo dos Santos Silva, presidente da Organização Vereda da Cultura e professor de História da Escola Municipal Mário Trindade Cruz leu um cordel de sua autoria intitulado “Um duelo entre seu Carango com o Bicho Homem”, arrancando aplausos do público que tem acompanhado a trajetória do mais representativo poeta popular do Vale do Japaratuba e que tem impresso em sua obra a defesa do meio ambiente, da cultura e da cidadania.

As palestras – Os três palestrantes combinaram minutos antes sobre o que cada um falaria, para não repetirem itens de suas intervenções,pelo menos naquilo em que eles convergiam, deixando-os a vontade para exporem seus pontos de vistas opostos sobre o que eles entendiam sobre algumas questões. Assim, foi combinado que Fábio Lira falaria primeiro, sobre as questões gerais que envolvem o bioma Mata Atlântica e o ecossistema manguezal. Já o Júnior Soledade falaria sobre questões de formação, desenvolvimento e conservação dos manguezais. A Dayse ficaria com a temática ligada as questões antrópicas que dizem respeito a relação homem-manguezal

Exibição de Vídeos – Durante o Seminário foram apresentados os seguintes vídeos: “Os manguezais de Carijó” e “ Manguezais e Carcinicultura: o verde violado”. O primeiro como subsídio da palestra do biólogo Fábio Lira e o segundo na fala da bióloga Dayse Rocha. Cópias dos vídeos documentários foram solicitadas para compor o acervo da Sociedade Sócio-Ambiental Vale do Japaratuba (SOS Rio Japaratuba).

Debates acalorados – Foi impressionante o interesse do público no debate tanto durante as falações dos palestrantes bem como depois, logo após a abertura deste espaço privilegiado de discussão. Já passavam das 12:30h quando era grande o número de inscritos que intervieram de forma espontânea mas com uma consistência de quem queriam não só aprofundar a discussão, mas também contribuir como cidadão para a preservação de ecossistemas como o manguezal.

Presença feminina – A forte presença de um público feminino foi elogiado pela bióloga Dayse Rocha, representante deste gênero entre os palestrantes do seminário. “Viva as mulheres. As mudanças terão nossa presença”, comemorou. No local foi servido um lanche para o público presente, que elogiou a estrutura preparada, ainda que com muita dificuldade, para garantir o conforto dos participantes. Os palestrantes receberam logo após suas intervenções um Certificado pela sua participação no Seminário. Os demais participantes que compareceram a pelo menos duas das três atividades propostas serão laureados com um Certificado que atesta suas presenças no evento.

O Manguezal – O manguezal é considerado um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestre e marinho. Característico de regiões tropicais e subtropicais,está sujeito ao regime das marés, dominado por espécies vegetais típicas, às quais se associam a outros componentes vegetais e animais.

O ecossistema manguezal está associado às margens de baías, enseadas, barras, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa. A cobertura vegetal, ao contrário do que acontece nas praias arenosas e nas dunas, instala-se em substratos de vasa de formação recente, de pequena declividade, sob a ação diária das marés de água salgada ou, pelo menos, salobra.

A riqueza biológica dos ecossistemas costeiros faz com que essas áreas sejam os grandes "berçários" naturais, tanto para as espécies características desses ambientes, como para peixes e outros animais que migram para as áreas costeiras durante, pelo menos, uma fase do ciclo de sua vida.

fonte: Tribuna da Praia.com – Em: 29/11/2006